Black Mirror: como o metaverso pode nos ajudar a ter uma existência mais autêntica?

 

Gaveta obscena é exatamente o lugar onde eu deveria ter chegado um dia. Talvez, eu já estivesse aqui, antes mesmo de criá-lo. Toda criação vem de nós e parece nos preceder. A criação me domina. Pertenço ao que imagino. Psicanalistas, poetas, cinéfilos, artistas de um modo geral, entusiastas de uma boa conversa insana regada a litros de café, vinho barato e atos falhos, deite-se comigo em meu divã imaginário e sinta-se mais do que à vontade. 



O título do artigo pode soar estranho e contraditório. Porém, cada vez mais, o virtual agiliza setores variados da vida e o conceito de metaverso se apresenta como uma possibilidade de irmos além de um cotidiano ou realidade banal, centrada em diversas limitações, como tempo e custos para deslocamento. Se a simples possibilidade de trabalhar e estudar virtualmente já expandiu muitos horizontes, imaginem variadas formas de interação em um espaço virtual que permita sensações reais? 

A série Black Mirror pintou a alta tecnologia e o conceito de metaverso com cores bem sombrias, destacando os aspectos negativos da realidade virtual. Os aplicativos apresentados pela série mostram uma sociedade altamente controlada e controladora, em que grandes organizações armazenam e regulam nossas memórias, a nossa liberdade, mediam as relações com as pessoas mais queridas. 

Em San Junipero (quarto episódio da terceira temporada)  duas mulheres idosas vivem um romance em San Junipero, que nada mais é que um universo paralelo, uma realidade virtual. Neste universo paralelo, elas podem dar vazão aos seus sentimentos e serem elas mesmas.

No episódio Hang the D.J (quarto episódio da quarta temporada) um aplicativo promete formar os casais perfeitos. Porém, é preciso contrariar o aplicativo para ficar com a pessoa certa. O próprio aplicativo é programado para acolher a transgressão dos usuários. Em toda a trama, pessoas se encontram, jantam juntas, bebem vinho, se beijam e fazem sexo numa realidade virtual.

Somente no desfecho, o casal se encontra em um bar na realidade presencial. San Junipero e Hang the D.J mostram um lado mais otimista da alta tecnologia e do metaverso.  Exageros à parte, atualmente as ‘apps’ são a forma mais comum para encontrar desde sexo casual até pessoas que desejam uma relação a médio ou a longo prazo. 

Em Quinze milhões de méritos (segundo episódio da primeira temporada) as pessoas assistem a shows de talentos em seus quartos e seus avatares assistem e aplaudem no auditório. Os aspirantes a cantor aprovados pelo jurado passam a ter uma vida mais tranquila e próspera sem precisarem pedalar o dia inteiro. Alguma relação com os influencers

Em Arkangel (segundo episódio da quarta temporada) um aplicativo possibilita que as mães monitorem seus filhos e os impeçam de se deparar com cenas violentas da realidade presencial. 

Urso branco (segundo episódio da segunda temporada)  mostra o metaverso como possibilidade de garantir o sofrimento de pessoas que praticaram atos muito cruéis. 

Em Queda-livre (primeiro episódio da terceira temporada), talvez, o mais emblemático, a alta tecnologia aparece de forma muito semelhante à que já vivemos. A reputação online garante a oportunidade de ter uma vida material melhor. 

Ainda não sabemos exatamente as possibilidades que o metaverso vai nos permitir. Porém, ao que tudo indica, causará grandes transformações em diversos setores e não apenas no tecnológico.

O metaverso promete transformar os eventos de modo geral, a Educação e a Saúde. As relações interpessoais e a administração do tempo serão revolucionadas. Provavelmente, o metaverso vai otimizar não só o tempo (nosso recurso mais precioso) mas também os materiais. Novas formas de crime e de abusos surgirão seguidos por novos sistemas de segurança. 

Este artigo foi publicado no blog Prensa.


No meu blog Gaveta obscena vou divulgar textos variados de minha autoria, de diversas categorias. Entre elas: críticas fílmicas, contos, devaneios poéticos e artigos sobre comportamento.


Sou psicanalista, professora, escritora, atriz e doutora em Comunicação e Semiótica. Fundei a empresa Sílvia Marques Produções Artísticas Independentes, responsável por oferecer cursos na área de Humanidades e montar  minhas peças teatrais.

Ofereço sessões de terapia acolhedoras e online, mentoria de autodesenvolvimento e formo psicanalistas. 

Publiquei 10 livros individuais, participei de 11 coletâneas, as quais organizei três. Venci sete concursos literários, fui indicada ao prêmio Jabuti em 2013. Mais de 500 artigos de minha autoria circulam por blogs variados. 


www.psicanalistasilviamarques.com




Comentários

Postagens mais visitadas